A reportagem da Rede Record apresentada no domingo (25.03.2012) me trouxe lembranças, saudades e outros sentimentos bons, mas trouxe também borras na história daquilo que ouvi na minha adolescência. O caso do ex-baixista do Legião Urbana, Renato Rocha, é mais um entre tantos casos espalhados pelo mundo, mas esse é especial. Muitos artistas do show bussines acabam por enlear a sua vida ao consumo excessivo de drogas (lícitas ou não), e se lançam em abismos inimagináveis. Apesar das negativas do baixista ao afirmar que não é usuário, todos puderam observar nos movimentos, no andar e no silêncio enigmático dele que não é bem assim. Onde está o motivo destas palavras? Bem, a reportagem, extremamente aproveitadora, como vem sendo a tônica da Record, mostrou a trágica caminhada do músico a partir das negativas dadas a ele pelos outros integrantes da banda. Culpados ou inocentes, pareceram bem culpados, até mesmo pelo silêncio na reportagem. Ora, dia desses o escritor Paulo Coelho (o famoso não li e não gostei), afirmou no programa dominical Fantástico, da famigerada Rede Globo, que foi ele quem abriu as portas do mundo das drogas para Raul Seixas, mas que não era ele o culpado do caminho que raulzito entrou e que culminou na sua morte . Toda mosca deveria saber em qual sopa se lança. Todo o fã de Legião Urbana que assistisse a reportagem ficaria, no mínimo, consternado ao ver Renato Rocha andando sem sentido pelas ruas do Rio de Janeiro, ou mesmo tentando fazer a base do baixo de alguma música do Legião, sem sucesso algum. Para a memória do grupo, o futuro do baixista não deixa de ser uma mancha, uma tristeza, tão grande quanto aquela em que se lançou o vocalista Renato Russo, com a diferença de que no seu trágico desfecho seus colegas de banda não foram responsabilizados, como a reportagem deixou a entender no caso de negrete (apelido de Renato Rocha). A presença do baixista na banda não foi muito extensa. O primeiro disco do grupo (Legião Urbana) data de 1985 e negrete entrou na banda em 1984. Em 1989 o baixista saiu da banda:
Durante a turnê do álbum, ele teve teve discussões ásperas com os demais membros e acabou sendo demitido. Sua trajetória, desde então, tem estado envolta em mistério. Após ter morado por oitos anos entre Curitiba e em pequenas localidades da Chapada dos Veadeiros, em Goiás, vevendo ainda dos royalties dos três primeiros discos da Legião, Negrete mudou-se para Barra de Guaratiba, próximo ao Rio de Jeneiro. Ali o músico morava, numa casa cercada pela vegetação, com a família – Rafaela, sua quinta mulher e mãe de seus dois filhos, Vitória e Renatinho. Nesse mesmo ano, após mais de uma década longe dos palcos, Negrete fez algumas apresentações com as bandas cariocas Finis Africae e Cartilage. Depois disso, o baixista literalmente saiu de cena – passando a ser visto cada vez mais raramente por amigos e conhecidos[1].
(CARLOS DIAS - Universidade Federal do Pará)
[1] Texto retirado do encarte do disco Que país é este. Legião Urbana: Que país é este / Abril coleções. São Paulo: Abril, 2011. P.13 (Coleção Legião Urbana; v 3).
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