quinta-feira, 13 de março de 2008


ROCKVILLE


pratico o suicídio
todos os dias
- eles são sempre iguais –
acid house nos olhos
circunstâncias inexistentes:
tirar um sarro com o tempo
aprisionar um flash...

pratico o suicídio
a tinta frágil desaba do vidro,
estilhaços perdidos nas frestas
onde minha unha desgasta,
arranha sem sucesso
o que poderei ter sido...

pratico o suicídio,
para onde mais deveria andar?
são lascas que açoitam
o terrível weekend,
tenho uma metrópole nas mãos.

suicídio,
tudo que não descriei
pelo apelo do que não vi
urbanocídio esferográfico!

pratico o suicídio
e quando os olhos buscam
a luz do quinto pavimento já passou

pratico o suicídio
a gravidade incide sobre a matéria

a cena se entrega à imolação da tinta...


Carlos Dias

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